O que é ABA?
A análise do comportamento Aplicada é definida como uma ciência aplicada e é um dos 3 pilares da Análise do Comportamento, sendo os outros dois a filosofia, denominada behaviorismo radical baseada na obra de Skinner, e a área de desenvolvimento de pesquisa básica, a Análise Experimental do Comportamento. Esses 3 pilares são interdependentes e todos tem a sua relevância a Análise do Comportamento. Neste sentido, cabe destacar que intervenções baseadas em ABA são as que possuem maiores evidencias cientificas referente a eficácia de tratamento com pessoas com atrasos no desenvolvimento.
Os principais objetivos dessa intervenção são ampliar o repertório comportamental do indivíduo e, em concomitância, diminuir a frequência ou intensidade de comportamentos indesejáveis ou pouco adaptativos. Nesta perspectiva, todo comportamento (adequado ou inadequado) é aprendido fazendo parte então do repertório de cada indivíduo e mantido por suas consequências. Para alcançar tais objetivos, é necessário a manipulação de variáveis antecedentes e consequentes destes comportamentos, exigindo conhecimento teórico, capacitação e experiência dos profissionais.
Para tanto, a intervenção requer avaliação cuidadosa de como os eventos ambientais influenciam o comportamento que se quer alterar (seja a forma, a frequência ou a intensidade), levando-se em conta o contexto em que ocorre, os antecedentes, as variáveis motivadoras e as consequências que se apresentam logo após a ocorrência do comportamento em questão para que uma boa estratégia seja desenvolvida.
A partir do reconhecimento da importância da Análise Comportamental Aplicada surgiram muitas escolas que seguem seus princípios básicos: ensino de unidades mínimas passíveis de registro, ensino de habilidades simples e complexas em pequenos passos, uso de reforçamento positivo, ênfase na importância da consistência entre as pessoas que têm contato com o sujeito, relevância da função do comportamento emitido, etc. Cada nova habilidade é ensinada (geralmente em uma situação de um aprendiz e um professor, 1:1) via a apresentação de uma instrução ou dica, e às vezes o professor auxilia o indivíduo, seguindo uma hierarquia de ajuda pré-estabelecida. As respostas corretas são seguidas por consequências que no passado serviram de consequências reforçadoras, ou seja, consequências que aumentaram a frequência do comportamento. É muito importante fazer com que o aprender em si torne-se gostoso (reforçador). As respostas problemáticas (tais como agressões, destruições do ambiente, autolesão, respostas estereotipadas, etc.) não são reforçadas, o que exige uma habilidade e treino especial por parte da equipe. As tentativas de ensino são repetidas muitas vezes, até que a criança atinja o critério de aprendizagem estabelecido (geralmente envolve a demonstração de uma habilidade específica por repetidas vezes, sem erros). Todos os dados (cada comportamento emitido pelo sujeito) são registrados de forma precisa, e de tempos em tempos (de preferência semanalmente) são transformados em gráficos que demonstram de modo mais claro o progresso deste em cada tarefa específica. É interessante notar que o modelo experimental desse tratamento permite identificar erros, buscando corrigi-los através de mudanças no ambiente.
Outro ponto bastante importante e que influencia diretamente na eficácia do tratamento, é o número de horas de intervenção. As pesquisas iniciadas em 1987 com o Dr. Ivar Loovas, apontam que a eficácia do tratamento está diretamente relacionada ao elevado número de horas de terapia. A ABA se caracteriza pelo ensino de forma estruturada e repetida para o aprendizado de variados repertórios comportamentais. A intervenção necessita de atenção individualizada no ambiente da criança (seja esse domiciliar ou escolar ou em qualquer outro local), e de forma intensa em número de horas e dias (até 40 horas semanais) cobrindo diferentes repertórios e habilidades, incluindo treino de familiares e cuidadores próximos à criança. É possível que uma criança seja avaliada por um Analista do Comportamento que aponte a necessidade de 10-12 horas de terapia por semana ou, em raros casos, até menos. Entretanto, o que precisa ficar claro é que isso é uma exceção. A maior parte das crianças com TEA terão sim que seguir uma intervenção entre 25-40 horas semanais. Conforme as principais instituições de certificação internacional de analistas do comportamento, são estabelecidas duas classificações de intervenção em relação a intensidade: Tratamento Focado: 10-25 horas semanais de terapia semanal para pacientes que necessitem de uma intervenção especifica (salvo casos de comportamentos disruptivos graves que necessitarão de mais de 25 horas semanais) e Tratamento Abrangente: 30-40 horas por semana.